Não recuses os bens que te ofertaram
Não desdenhes pelo mal que te fizeram
Mão sofras por não obedecerem
Às leis que teu ser lhes foi ditando
.
Corre
Não queiras desmoronado
O insólito edifício que fizeste
Não critiques os sonhos imperfeitos
E as próprias mentiras que escutaste
.
Corre
Não receies os ecos importunos
De atitudes menos comedidas
Não queiras cerrar esses teus braços
À construção do mundo que sonhaste
.
Corre
Não descubras falsos arco-íris
Nem pretendas verdade a corpo inteiro
Evita revelar as frustrações
Dos momentos em que foste menos certo
.
Corre
Segura bem a cruz que te legaram
Como enxada que vai beijando a terra
Mostra o suor da tua própria alma
Feliz por algo edificar.
.
Corre a dizer ao mundo que és alguém
Corre entoando hinos de louvor
Corre, corre dizendo que ganhaste
Corre mostrando com orgulho as tuas mãos
.
Corre em paz na paz que construiste.
.
Corre!
.
Aníbal José de Matos, in ESPERANÇAS (Edição da Câmara Municipal da Figueira da Foz - 1982)
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