domingo, 14 de dezembro de 2008

Corre

Corre,
Não recuses os bens que te ofertaram
Não desdenhes pelo mal que te fizeram
Mão sofras por não obedecerem
Às leis que teu ser lhes foi ditando
.
Corre
Não queiras desmoronado
O insólito edifício que fizeste
Não critiques os sonhos imperfeitos
E as próprias mentiras que escutaste
.
Corre
Não receies os ecos importunos
De atitudes menos comedidas
Não queiras cerrar esses teus braços
À construção do mundo que sonhaste
.
Corre
Não descubras falsos arco-íris
Nem pretendas verdade a corpo inteiro
Evita revelar as frustrações
Dos momentos em que foste menos certo
.
Corre
Segura bem a cruz que te legaram
Como enxada que vai beijando a terra
Mostra o suor da tua própria alma
Feliz por algo edificar.
.
Corre a dizer ao mundo que és alguém
Corre entoando hinos de louvor
Corre, corre dizendo que ganhaste
Corre mostrando com orgulho as tuas mãos
.
Corre em paz na paz que construiste.
.
Corre!
.
Aníbal José de Matos, in ESPERANÇAS (Edição da Câmara Municipal da Figueira da Foz - 1982)

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