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Um homem só, não tem assento obrigatório.
Cativa, firme, só a sua solidão.
Por isso parte e busca qualquer chão
onde o viver é apenas transitório.
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Se o assumir-se só é meritório
e lhe transmite paz, libertação,
a dor que lhe macera o coração,
de assim viver, é farto tormentório.
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Um homem só em qualquer parte vive.
A sonhada companhia que não tive
- decerto por não ter merecimento
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de tão fugaz em névoa se esfumou.
E me quedo, homem só, tal como sou:
- Nómada sonhador vagando ao vento.
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Do livro "Alguns Sonetos" - 1994.
António Moreira Fonseca nasceu na Quinta da Esperança - Tavarede (Figueira da Foz), a 16 de Julho de 1953, aprendendo as primeiras letras no Patronato de S. Miguel.
O gosto pela leitura e pelas artes, nasceu do Teatro de Tavarede e "do seu grande pilar", José da Silva Ribeiro, com quem privou até à data da sua morte."
1 comentário:
António!
Tanto tempo se passou...tantos acontecimentos...mas a tecnologia nos faz chegar perto. Poemas lindos, profundos em significado como tantos que já li. Deixo minha admiração e amizade.
Cristina Silva
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