quarta-feira, 19 de novembro de 2008

António Santos Silva

Silêncio
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O meu silêncio
Não é de ausência
Nem de morte.
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Ainda vive,
Ainda sonha com voos livres,
Ainda treina gorjeios
A ave no meu peito.
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O meu silêncio
É a raiva e o enjoo
De todas as palavras em que me atraiçoei.
Dos sorrisos e gestos
Que se evadiram de mim, como vadios,
Sob os meus olhos flácidos.
Das coisas que perfilhei
E não eram do meu sangue.
Dos versos que resvalaram,
Preguiçosos e mornos,
Sem atingir o cerne.
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O meu silêncio é o deserto,
Onde me exilo e me depuro.
Poema mudo
De honestidade.
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António Santos Silva, em "Diagrama da Esperança", 1973.
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Autor de, entre outras obras, "Figueira da Minha Infância", "Os Pontos nos Is", "Diagrama da Esperança", "Beethoven, um apelo à fraternidade", "Musa dos Cinquent'anos" e "Agradecimento à Poesia".
Premiado em Jogos Florais.
Foi Chefe dos Serviços de Águas e Director dos Serviços Municipalizados da Figueira da Foz.

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