domingo, 2 de maio de 2010

Maria Almeida


Ternuras


Brotam ternuras dos teus olhos cansados!
Mas tu pespontando a ouro o fugaz momento
Soubeste dar à amarga vida
Um sonho mergulhado de doces flores perfumadas!

E não te deixaste jamais levar
Pelo vento devastador
Que derruba a vasta planície
Nos dias de forte tempestade…

Tu bebeste níveas manhãs com cheiro a maresia
Tu acalmaste a rudeza das grandes iras
Tu trouxeste o sonho onde o vazio se instaura
Tu leste a agonia nos olhos silenciosos
E falaste mesmo quando nada dizias…

Tu trocaste as sedas e os brocados
Por tecidos que usavas cada dia
Tu trocaste o teu Palácio Encantado
Pelos passos que a vida te tecia!

E quando o desânimo
Avançava a passos leves…
Tu soubeste descerrar com mãos de brisa
A janela que se abria sobre o mar!

Assim docemente talhaste a vida
Em toda a sua profunda plenitude
Quando julgavas apenas cumprir teu ser…
Porque além de seres a grande mãe
Tu foste o ideal de mulher…
Maria Almeida - Porto

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