segunda-feira, 19 de abril de 2010

Olavo Bilac


A Bocage

Tu, que no pego impuro das orgias
Mergulhavas ansioso e descontente,
E, quando à tona vinhas de repente,
Cheias as mãos de pérolas trazias;

Tu, que do amor e pelo amor vivias,
E que, como de límpida nascente,
Dos lábios e dos olhos a torrente
Dos versos e das lágrimas vertias;

Mestre querido! Viverás, enquanto
Houver quem pulse o mágico instrumento,
E preze a língua que prezavas tanto:

E enquanto houver num canto do universo
Quem ame e sofra, e amor e sofrimento
Saiba, chorando, traduzir no verso.

Olavo Bilac

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro (Brasil), em 16 de Dezembro de 1865, cidade onde faleceu a 28 de Dezembro de 1918. Jornalista e poeta, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras.
Já aqui fiz, oportunamente, larga referência a este poeta de grande projecção no Brasil e não apenas.

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