quarta-feira, 3 de março de 2010

Edmundo de Bettencourt


Palhaço

O cómico avançou, num rodopio,
galvanizando o ar, depois cantou,
com graça, entre piruetas, recitou,
e nem um riso único surgiu!

De mágoa, eu tinha lágrimas em fio,
quando uma ausência estranha despertou
o espectador que eu era e me apontou
o coliseu sem público… vazio…

A solidão macabra da plateia
bem cedo fez, da torva sombra feia,
no meu olhar. Altas paisagens de ouro:

- Fumos de luz onde voei, perdido,
O ano dum minuto agradecido,
Para vê-la no fim rir do meu choro!

Edmundo de Bettencourt

Edmundo Alberto de Bettencourt, poeta e cantor, estabeleceu um marco no fado de Coimbra. Nascido no Funchal a 7 de Agosto de 1899, faleceu em Lisboa em 1 de Fevereiro de 1973.
Fez parte da chamada "Década d'0iro". Bettencourt foi igualmente escritor e poeta de grande relevo. Em 1927 foi um dos fundadores da revista literária “Presença”, sendo, inclusivamente, quem sugeriu o título.

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