quarta-feira, 26 de maio de 2010

Da Costa e Silva


A aranha

Num ângulo do tecto, ágil e astuta, a aranha,
Sobre invisível tear tecendo a ténue teia,
Arma o artístico ardil em que as moscas apanha
E, insidiosa e subtil, os insectos enleia.

Faz do fluido que flui das entranhas a estranha
E fina trama ideal de seda que a rodeia,
E, alargando o aranhol, os elos emaranha
Do alvo disco nupcial, que a luz do sol prateia.

Em flóculos de espuma urde, borda e desenha
O arabesco fatal, onde os palpos apoia
E, tenaz, a caçar os insectos se empenha.

Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha:
E, o fascinante olhar a arder como uma jóia,
Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.

Da Costa e Silva

António Francisco da Costa e Silva, de seu nome completo, nasceu em Amarante, Piauí (Brasil), em 29 de Novembro de 1885 e faleceu no Rio de Janeiro em 29 de Junho de 1950.
Era licenciado em Direito e publicou, entre outras obras, SANGUE, ZODÍACO, PANDORA, ANTOLOGIA e POESIAS COMPLETAS.

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