domingo, 27 de junho de 2010

Embarque em Sobressalto

No semanário "O DEVER"

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Aníbal José de Matos

Pela tua óptica

O mar imenso dos teus sonhos
Não vai além dum riacho nos teus olhos.
Quando encaras a realidade
Minimizas a grandeza do Oceano.

E as rochas são pequenas pedras negras
Onde dormitam as gaivotas.

Porque teimas em não olhar de frente
A gigantesca força
De quanto te rodeia!


Aníbal José de Matos (do livro agora lançado EMBARQUE EM SOBRESSALTO)

sábado, 19 de junho de 2010

Carlos Paião


CEGONHA

Olá cegonha, gosto de ti!
Há quanto tempo, te não via por ai!
Nem teus ninhos nos telhados,
Nem as asas pelo céu!
Olá cegonha! Que aconteceu?

Ainda me lembro de ouvir-te dizer,
Que tu de longe os bebes vinhas trazer!
Mas os homens vão crescendo,
E as cegonhas, a morrer!
Ainda me lembro...não pode ser!

Adeus cegonha, tu vais voar!
E a gente sonha...é bom sonhar!
No teu destino, por nós traçado!
Leva o menino, que é pequenino, toma, cuidado!

Adeus cegonha, adeus lembranças...
A gente sonha, como crianças!
Faz outro ninho, no som dos céus!
Vai de mansinho, mas pelo caminho, diz-nos adeus!

Adeus cegonha, tu vais voar!
E a gente sonha... é bom sonhar!
No teu destino, por nós traçado...
Leva o menino que é pequenino, toma cuidado!
Leva o menino... mas tem cuidado!...

Carlos Paião


Carlos Manuel de Marques Paião, de seu nome completo, nasceu em Coimbra a 1 de Novembro de 1957, falecendo em Rio Maior, em 26 de Agosto de 1988, quando, a caminho de um espectáculo em Penalva do Castelo, sofreu um violento acidente de automóvel.
Carlos Paião, de quem ainda muito havia a esperar, era licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra.
Compositor, intérprete e instrumentista, Carlos Paião produziu mais de 300 canções, entre as quais Souvenir de Portugal, Eu Não Sou Poeta, Play Back, Pó de Arroz, Marcha do Pião das Nicas, Zero a Zero, Meia Dúzia, Vinho do Porto, Vinho de Portugal, O Foguete, Cinderela, Versos de Amor, Arco Íris, Lá Longe Senhora e CEGONHA, cujo poema reproduzo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SEBASTIÃO DA GAMA


"O Poeta beija tudo, graças a Deus. E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade… E diz assim: “É preciso saber olhar…”. E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos. E levanta uma pedra escura e áspera para mostrar uma flor que está por detrás… E perde tempo (ganha tempo…) a namorar uma ovelha… E comove-se com coisas de nada: um pássaro que canta, uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu, um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino, um bocadinho de Sol depois de um dia chuvoso… E acha que tudo é importante… E pega no braço dos homens que estavam tristes e vai passear com eles para o jardim… E reparou que os homens estavam tristes… E escreveu uns versos que começam desta maneira: “O segredo é amar…”."

Sebastião da Gama

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nesse tempo

Quando era criança
Voava sobre as árvores contra os ventos,
E os ninhos dos pássaros transpiravam
Com o calor das manhãs de Primavera.

Quando era criança
Lançava-me em cascatas de água pura,
E os comboios circulavam numa pressa
Sobre carris imaginários.

Quando era criança
Empunhava espadas de papel
E os aviões planavam no quintal
E poisavam no pessegueiro junto ao poço.

Quando era criança
Tinhas caracóis e vestidos coloridos
Iluminados pelo sol das madrugadas
Que adornavam teus olhos cor do mar.

Quando era criança
Desejava ser adulto para te amar
E envolver-te num abraço sem final
Como se a vida não fosse mais além.

Mas os cabelos brancos desta hora
A contrastar com os loiros de miúdo
Impelem-me a expressar este lamento:
Quem me dera voltar a ser criança!


Aníbal José de Matos (do livro EMBARQUE EM SOBRESSALTO)



sábado, 12 de junho de 2010

Foi apresentado EMBARQUE EM SOBRESSALTO



Foi muito concorrido o acto do lançamento do meu terceiro livro de poesia, EMBARQUE EM SOBRESSALTO, evento que decorreu no auditório municipal da Figueira da Foz.
A obra foi editada pela FOLHETO de Leiria, e a apresentação esteve a cargo do ex-director do jornal O FIGUEIRENSE, António Jorge Lé.
Fiquei deveras sensibilizado não apenas pelo número de pessoas que acedeu ao convite endereçado e pela elevada aquisição de exemplares da obra, mas, principalmente, pelas palavras que ao longo da sessão me foram dirigidas.
A todos o meu muito obrigado.


Embarque em Sobressalto

Este sábado,
no auditório municipal da Figueira da Foz


Pelas 18 horas deste sábado, no auditório do Museu Municipal da Figueira da Foz (edifício do Museu e Biblioteca Municipais) decorre o lançamento do meu livro de poemas, EMBARQUE EM SOBRESSALTO, que tem capa e ilustrações de Mário Silva e prefácio de António Augusto Menano.
A apresentação, que contará com a presença de Manuel Portugal (guitarra de Coimbra), será feita pelo ex-director de O FIGUEIRENSE, António Jorge Lé.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Porto de abrigo

Percorrer caminhos rectilíneos
Sem encruzilhadas que obstruam minha mente,
Sem ladeiras nem paredes que travem meu sentir,
Quiçá um desejo sem nexo
Que se estende num rol de enigmas.

Encontrar o almejado porto de abrigo
Com portas à mercê dos meus passos
E deparar com a lareira
Do calor do teu abraço.

Sonhos acalentados sem dormir
No espaço reservado à minha dor,
Porque só a noite permite
Metamorfoses à minha escala.

Quero encontrar-te custe o que custar
Nem que para tanto
Tenha de percorrer o espaço
Que parece intransponível.

Aníbal José de Matos – 10 de Junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Ricardo Miñana

LEVANTATE Y CAMINA

Allá en el horizonte
donde el mar besa el cielo,
el atardecer destella sobre el agua
saltando vivos reflejos de luz....

Se abre camino la esperanza,
es la chispa de la ilusión,
que mira desde la distancia
la vida de otro color....

Esa sensación de vacío
que sientes recordando el pasado,
se perderá por el camino que llega al corazón
cuando la oscuridad mire hacia la luz....

Escucha los sonidos del silencio
para ver el camino del destino,
donde una estrella risueña
refleja sus rayos de luz....

No hay palabras de consuelo
cuando el amor se siente herido,
mira hacia el cielo estrellado
porque cada día es un nuevo amanecer....

La tristeza desequilibra los sentidos
nunca llegas a ninguna parte,
hasta que una fugaz mirada al futuro
escuchas que te dice levántate y camina....


Ricardo Miñana (Escritor - Valência - Espanha. Do seu blogue PENSAMIENTOS DE UN HOMBRE)

sábado, 5 de junho de 2010

Segue

Não guardes o que se perdeu no tempo
Nem chores pelos ribeiros
Que dividem o amor com os riachos.

Não te percas em labirintos
Que se confundem com o vento
Que sopra de todos os quadrantes.

Livra-te dos escolhos
Que te prendem com fios invisíveis
A terrenos inconformados.

Caminha por veredas verdejantes
Que te alimentem o espírito
E não te consumam a alma.

Aníbal José de Matos – 5 de Junho de 2010

"Dos jornalistas que se aventuram na literatura exige-se que levem uma vida dupla, isto é, que usem duas canetas, uma para os romances, contos e poemas, outra para as notícias e reportagens."

José de Broucker - jornalista francês (Do blogue De Ouro e Poeira, com a devida vénia)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Amália Rodrigues


Rosas do meu caminho



Quem julga que são rosas as pedras do meu caminho
Não sabe que encontrei sempre nas rosas que me deram
Perfumes que ao colher, me deixaram espinhos
Dos olhos me caiu o sangue que fizeram

Porque o perfume é passageiro, é fugaz
Como lume que nos faz mais firme à cinza aquecida
E os espinhos numa ferida que me doa
Na alma de uma pessoa duram tanto como a vida

Quisera como dantes saber rir em gargalhadas
Tão ricas que no ar ganhassem formas esculpidas
Porém no sol da vida há nuvens equiparadas
Enchem de sombras negras a luz de certas vidas

E quando canto todos vêem com certeza
Na minha vida a beleza dum sonho que quer vingar
Mas ninguém pode dar vida a um sonho belo
É construir um castelo que é todo feito no ar

Amália Rodrigues, o símbolo do fado, nasceu em Lisboa a 1 de Julho de 1920, cidade onde faleceu em 6 de Outubro de 1999.

Para lá da intérprete inigualável, escreveu também alguns poemas como aquele que ora transcrevo.
 
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