sexta-feira, 24 de abril de 2009

Luiz de Aquino


Teus olhos, menina!
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Há nuvens miúdas
brincando no azul degradê
e se achatam por baixo;
eu olhando daqui
com os olhos de ti, Menina
dos olhos bonitos pra mim.
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De noite, há luzes. Pontinhos milhões
polvilhados
na noite de preto
aos olhos meus, Menina dos olhos
que me olham demais
e me vêem tão teu.
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Não são teus os meus sonhos,
Menina dos olhos perdidos:
já tive teus beijos,
nada mais tenho
Nem quero. Somente teus olhos,
Menina dos olhos meus.
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Conheci o poeta Luís de Aquino em Goiânia (Brasil). Corria o ano de 2001. Bancário, professor e jornalista, cedo começou a escrever cartas, poemas e contos.
Passados oito anos sobre a data em que conheci este poeta brasileiro, tenho o prazer de publicar o primeiro dos poemas constantes do livro "MENINA DOS OLHOS", que na altura me ofereceu com dedicatória, um trabalho que li e reli, e que vale pela sua originalidade e conteúdo em que o amor é tema frequente.
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Na primeira imagem, a reprodução da capa de "MENINA DOS OLHOS" (uma pintura de Dinéia Dutra) e na segunda, o autor, num desenho de Valéria Vilela.


segunda-feira, 20 de abril de 2009

LUSCO-FUSCO


Foi ao fim da tarde
Na enseada da noite,
Que descobri que queria
Viver num só dia
O que desperdicei numa vida!
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Descalço de sonhos,
Órfão de sensações,
Tentei pular a cerca
Mas caí no limiar da angústia!
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Aníbal José de Matos (do livro em preparação TANTOS ANOS)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

EMÍLIA MARIA



EVOCAÇÃO
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Pudesse eu sempre assim, nas minhas ter
As tuas mãos profanas de falsário,
E formaria, então, um relicário,
Donde nunca as pudesses desprender.
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Mas eu, agora, só as posso ver,
Num sonho em fictício imaginário…
E só prolongaria o meu calvário
Julgar real o que não pode ser.
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Mas não, não quero. Nunca, meu amor!
Não quero ambicionar esse calor
Com que esqueceste as minhas num instante.
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Era todo meu passado reviver…
De que me serviria as mãos prender
Se o coração vagueia tão distante?!
Presto hoje a minha homenagem a uma poetisa figueirense, que, sobretudo pelos seus sonetos, foi figura marcante na cultura local.
Na segunda imagem, a reprodução dum dos seus originais (de que possuo uma vasta colectânea), e que "traduzo" no texto anterior.
Emília Maria (Emília Maria Bagão e Silva), nasceu na Costa de Lavos (Figueira da Foz), em 16 de Março de 1909, falecendo nesta cidade a 22 de Março de 1979, poucos dias depois de ter completado 70 anos.
Era irmão de João Bagão, guitarrista, compositor da conhecida Balada de Coimbra.
Colaborou em várias publicações, entre as quais a Gazeta de Coimbra (sob o pseudónimo de Mademoiselle X), A Voz da Justiça e O Figueirense.


quinta-feira, 2 de abril de 2009

ACÁCIO ANTUNES

Passam hoje, como refiro em PRESENTE, 82 anos sobre o falecimento do poeta figueirense, Acácio Antunes.
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A recordar a efeméride, um soneto deste ilustre emblema da cultura figueirense:
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Prólogo (do livro "Da Primavera ao Outono", de 1914 (contava então o poeta, 61 anos):
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Há tempo, ao ler-te uns versos, minha amada,
Em que de amor fazia mil projectos,
De repente, a sorrir, meio amuada,
Disseste-me com ares circunspectos:
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- Estes poetas! Não reservam nada!
São uns incorrigíveis indiscretos,
Contando a toda a gente os seus afectos,
Quanto lhes preza e quanto lhes agrada!
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Eu protestei, que do cristal, tão duro,
Mais através se vê, quanto é mais puro...
Tu, porém, não quiseste conformar-te!
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Submisso, pois, às tuas exigências,
Aqui te deixo,meu amor, à parte,
Para ti só, as minhas Confidências.
 
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