quinta-feira, 31 de março de 2011

Quaresma



sábado, 26 de março de 2011


Aníbal José de Matos, do livro ESPERANÇAS




segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia

Estado de Alma
Inutilmente vivida
Acumula-se-me a vida
Em anos, meses e dias;
Inutilmente vivida,
Sem dores nem alegrias,
Mas só em monotonias
De mágoa incompreendida...
Fernando Pessoa (1888-1935)

sábado, 19 de março de 2011

DIA DO PAI

As Mãos do Meu Pai

As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

Mário Quintana

sexta-feira, 11 de março de 2011

Santiago Pinto

Sorte

Mas que palavra esquisita
Que tanto oiço dizer
Pois eu não sei onde fica
Se ela é feia ou bonita
Não sei por não conhecer

Sorte!... O que quer dizer?
Se ela existe, onde mora?
Então porque não assiste
E de estúpida resiste
A tanta gente que chora?

Se uns têm, outros não têm
Não pode ser coisa boa
A uns tira, a outros dá
Só pode ser coisa má
Que a tanta gente doa

Palavra que não conheço
Estarei errado, ou não?
Ou será que não mereço
A razão eu desconheço
De nunca lhe pôr a mão

Sorte ou desgraça, enfim…
E situação definida
Uns vivem bem, outros não
Temos esta condição
Nos dias da nossa vida

Suponho que ela passa
Sempre ao lado da desgraça
Sem lhe dar a sua mão

Se afinal a sorte existe
Na minha ideia consiste
Que ela não tem coração

Jorge de Santiago Pinto - Foi proprietário e diretor da 2.ª série do jornal CORREIO DA FIGUEIRA

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quarta-feira de Cinzas



E quarta-feira de cinzas é já hoje...

O corso desfila entre festins
E o sonho alimenta a euforia,
Um riso fugaz mora ao relento
No rebato das cinzas duma quarta-feira.

Vejo sombras a bailar numa dança insólita
E máscaras a encobrir iniquidades,
Esgares perpassam entre serpentinas
E rodopiam em golpes de magia.

E o Rei de um dia ri, ri e recolhe, felizão,
Vassalagens e adornos à mistura.
A fantasia ornamenta a sua corte
E o imaginário põe grilhetas no real.

E quarta-feira de cinzas é já hoje...


Aníbal José de Matos
 
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