domingo, 29 de dezembro de 2013

Poema do fim do ano


Refúgio

Se a solidão estrangulasse
Escolheria a roseira como último refúgio.
Talvez não sobrevivesse ao impacto dos espinhos
E as rosas tombassem sobre mim,
Ou o seu viço amortecesse a minha queda.

Ou então,
Rasgariam no meu corpo um insólito epitáfio:
Aqui jaz para quem os sonhos se esfumaram
Ante pesadelos que em teima os superaram.

O futuro é o tributo de quem deliberadamente
Abandonou o passado
E vive num presente envenenado.

 Aníbal José de Matos – Figueira da Foz – Portugal (Dezembro de 2013)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


sábado, 14 de dezembro de 2013

POESIA

Nota: Alguns problemas de saúde do responsável, têm contribuído para que POESIA não tenha estado muito ativo nos últimos tempos, mas, se Deus quiser, tudo vai voltar à normalidade muito em breve. Grato pela atenção de alguns Amigos.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um poema para hoje


No dia dos teus anos

 

 

Silêncio.

Calem-se as gargantas,

Sufoquem os tremores da alvorada.

Deixem nascer o dia,

Deixem florescer a Primavera,

Que o dia dos teus anos seja o dealbar de nova era.

 

Silêncio.

Por um breve instante deixem que se ergam

Bem lá do fundo ou do alto não sei donde

As almas que se reveem no dia dos teus anos

Contemplando o luzir do teu olhar

Ao raiar da flor do teu encanto

 

Silêncio

Por um momento deixem que não ria

Que solenize no teu aniversário

Os primeiros passos duma aurora

Que desponta para uma eternidade

Bordada de mil desejos

 

No dia dos teus anos

Que nasças outra vez para que vivas

A vida que sonhaste.

Sorri agora. Olvida por instantes

As agruras que certamente não mereceste.

A vida talvez mereça ser vivida.
 
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal)

 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Um poema para hoje


Diz-me quem és

 

Quem transporta a tua alma
E lhe empresta essa forma opaca
Com que tentas iludir-me
E desprezas com a força
Que vem sei lá de onde?

Quem és tu que eu não conheço
Nem mora no álbum das memórias
Que guardo religiosamente?

 Será que pretendes ser a minha sombra
Para me perseguires incólume
E sacares do sabre como ser inimputável?

 Não sei quem és, mas estou à tua espera!

 
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Um poema para hoje

Ser poeta
 
A solidão traz consigo
esta sensação pateta
de não saber o que digo
e de me julgar poeta!
 
Aníbal José de Matos - Figueira da Foz - Portugal  (1996)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Um poema para hoje

 

Custa-me ver o caminho
sem a luz dos olhos teus
porque esta luz é carinho
da luz que tenho nos meus.

Isidoro Pires (Poeta de Tavira)
Judeu Errante
.
Encontrar um novo rumo,
percorrer um novo trilho,
todo ele envolto em fumo
sem que de ti veja o brilho,
é penoso, é desgastante,
custa-me ver o caminho,
sinto-me judeu errante,
sou um pássaro sem ter ninho.
 
 
Sou um navio perdido
sem a luz dos olhos teus,
farol que anda escondido
a fugir dos olhos meus.
Ele que era meu guia,
horizonte azul celeste,
e a minha noite era o dia
pela luz que então me deste.
 
 
Vagueio triste, sozinho,
num mundo que não conheço,
porque esta luz é carinho
sem a qual sei que pereço.
Correm os dias a fio,
penosos e sempre iguais,
já não choro, já não rio,
e já nem sei onde vais.
 
 
Eras tudo quanto queria,
meu caminho era o teu passo,
porque em ti eu tudo via
e sem ti já nada faço.
Banhava-me a luz dos olhos
como tombada dos céus,
era amor caído aos molhos
da luz que tenho nos meus.
 
 
Aníbal José de Matos - Figueira da Foz - Portugal

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Um poema para hoje


Terra de minha Mãe

 
Terra, minha terra, doce enlevo
Que meu coração fecundas de saudade,
Os instantes felizes que te devo
Irão comigo até à eternidade.

 
Minha Mãe, meus amigos, teus encantos,
Quadros da vida que não diviso mais!
E quanto de esperança teus encantos
Tornavam meus sonhos tão reais.

 
Agora que o tempo transformou
Meus ideais, e tudo se tornou
Apenas na saudade que ela encerra,

 
A Deus apenas uma coisa peço:
Que permita um dia o meu regresso
Àquela que foi sempre a nossa Terra.

 
Aníbal José de Matos (1975)

sábado, 23 de março de 2013

Hoje, em Leiria

V Antologia de Poetas Lusófonos
 


Hoje, sábado, pelas 15 horas, vai ser apresentada no Museu de Imagem em Movimento, em Leiria, a V Antologia de Poetas Lusófonos, uma iniciativa da Folheto Edições.

Haverá um momento de poesia e visita às exposições “(Re)Conhecer Leiria – meados do século XX” (organização do Município de Leiria e Arquivo Distrital) e “Paralelo 30 – Fotografias sobre a China” (organização da. Embaixada da China).

A cerimónia terminará com um Porto de Honra.

No total na V Antologia são 147 Poetas, oriundos de 15 países. São quase 500 poetas de mais de duas dezenas de países, nas cinco antologias.

Para mim, é uma honra mais uma vez ter sido um dos seleccionados para figurar na Antologia.

AJdeMatos

sábado, 9 de março de 2013

Um poema para hoje


Gota de água

Tu és a gota de água
que brota de fonte imaginária
e desliza entre meus lábios sequiosos.

És o fruto por colher
no verde da descoberta.

És a verdura escondida
num seio envergonhado.

Liberta-te e foge do torpor
que te algema
a ânsia mal contida da entrega.

A neve cobre de alvura o teu rosto
mas não esconde o negrume
duma alma sem força para voar.

E a gota de água acaba por secar
perdendo-se
nas sombras da inquietude das palavras.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) 9 de março de 2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Um poema para hoje



Grão de areia
 
Não, tu não és um grão de areia.
Tens lábios de praia inteira
Que busca um beijo do mar
Que envergonhado sussurra,
Qual namorado murmura
No verde do teu olhar.
 
A distância que o separa
Dos teus olhos de ternura
É um areal de emoção.
Saudades mil te contemplam
Num passado que vincou
Marcas no teu coração.
 
Se és frágil no teu andar,
Qual flor em vaso ingrato
Que não suporta o valor
Da tua energia imensa,
Tens um mundo à tua volta
À espera do teu amor.
 
Querias ser tu a receber
O poema que escreveste
E a ti mesma dedicaste,
Fica no ar o momento
Sonhado como um lamento
Duma quimera que amaste.
 
 Aníbal José de Matos – Figueira da Foz - Portugal
 
 



 

 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um poema para hoje

Não desistas
 
Soterrado por espinhos,
Vergado por ventanias,
Lançado às feras da v ida,
Sem esperanças nem vislumbres,
Assim vais no tempo em busca
Dos nadas que te atormentam.
 
Nas cercanias da terra
Onde as angústias te minam,
Sonhas com horizontes
Que se apagaram no poente
Da esfera em que deslizas
Rumo ao teu infinito.
 
E voltarás mais robusto
Com armaduras na fronte.
 
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um poema para hoje

À memória de Carlos Paião
 
 
 
Tão cedo desta vida…”
Deus te levou para lá das nuvens,
Pouco depois de Artista Reformado!
Será que a Cegonha
que os bebés vinha trazer
ainda te vê
Tal como Lá Longe, Senhora?

Chorou por ti a Cinderela
Que cantaste rodeado de crianças
A viver esperanças,
Em inesquecíveis Versos de Amor !

O palco quedou-se mais vazio,
Ao teu calor seguiu-se o frio,
A cortina desceu sobre a ilusão.

Perdeu-se um médico
Rendido ao espaço cénico.

Para Paião foi curta a vida,
E o público clama:
Há quanto tempo te não vejo por aí!

Aníbal José de Matos – Figueira da Foz - Portugal

(O artista Carlos Paião, natural de Coimbra, morreu num acidente de viação em 26 de agosto de 1988. Contava apenas 30 anos)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um poema para hoje

Derrocada

Caminhos percorridos entre abismos,
Veredas solitárias
E medonhas ribanceiras
Onde a morte espreita e o amor se esconde.

Trilhos de miséria e de abandono,
Paredes que isolam e desencantam
Os que ainda acreditam em verdades
Ameaçadas por mentiras disfarçadas.

Dos arbustos surgem incríveis mascaradas
Como embustes a tingir dum negro atroz
Os sonhos irreais e as quimeras
De quem ainda confia nos atalhos.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal – Janeiro de 2013)
 
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