terça-feira, 26 de junho de 2012

Quadras soltas

A vida são dois dias


Qu'importa que a vida seja
dois dias como se diz,
se um dia p'ra que te veja
me basta p'ra ser feliz.


Ser poeta


A solidão traz consigo
esta sensação pateta
de não saber o que digo
e de me julgar poeta!


Amor sem chama

Mal de quem chora e não ama,
mal de quem ama e não chora,
ou já o amor não tem chama
ou de vez se foi embora.


Não invejes a riqueza


Não invejes a riqueza
sem trabalho nem canseira;
muitas vezes é pobreza
vestida à sua maneira..


Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal - 1989).

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um poema para hoje




O fim do dia

O fim da tarde não é o fim do dia.
A noite é um mar de promessas
Entre risos e verdades
Que o alvorecer não apaga.
O presente é um novo dia,
Onde se cruzam paixões
Que garantem o porvir.

Estar aqui é tão-somente
A garantia de que amanhã
A vida prosseguirá
E as árvores vão florir.
Abrirás aquela porta
E um ramo de frescas rosas
Espalhará pétalas de amor.

E os teus lábios de carmim
Vão despertar o desejo
De ribeiros sussurrantes.
Vejo prados onde o verde
Vai definindo a esperança
Daquele suave encontro
Que aguardo no fim do dia.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal)

sábado, 16 de junho de 2012

Um poema para hoje

Porta fechada

Simplesmente fechada,
Cinicamente interrompido
Um ciclo de vida,
Amanhecendo ao frio cortante
Da derrocada iminente.

Chove e a porta com as trancas
Do desvario,
Anoitece e as nuvens
Cortam as algemas
Da intranquilidade.

É tarde e demasiado cedo
Para pensamentos hostis,
Porque as correntes
Da insanidade
Não deixam vislumbrar o que é evidente.

Aníbal José de Matos – Figueira da Foz - Portugal


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Um poema para hoje


Lusco fusco


Foi ao fim da tarde
Na enseada da noite
Que descobri que queria
Viver num só dia
O que desperdicei numa vida!

Descalço de sonhos,
Órfão de sensações,
Tentei pular a cerca
Mas caí no limiar da angústia!


Aníbal José de Matos / Figueira da Foz – Portugal /
Do meu livro EMBARQUE EM SOBRESSALTO


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um poema para hoje

Foto de Larisa Larisa
No outro lado

Na outra margem do rio
Em que me dizem que vives
Já não se criam raízes
Porque o vento é sempre frio.
Já não sopra a brisa quente
Em que embalavas meu ser,
Fugiu-te tanto querer
E quedaste tão diferente.

As estrelas não dão brilho
E há um Sol arrependido.
Entre nós um amor perdido
Empresta-me ares de andarilho.
Fugiste de mim, sei lá
Que razões te atormentaram,
Mas para mim já bastaram
As que o amor destruirá.

Esse amor que não o meu.
Porque há um que sobrevive
Para lá do que já tive
Sobre aquele que era teu.
Já não és minha, eu sei,
Fugiste p’rá outra margem
E só me resta a imagem
Dum amor que não morreu.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal) – Dum livro a editar.

sábado, 2 de junho de 2012

Gisa


COMPREENSÃO


Hoje eu vi a lua
Ela era redonda
Branca
Cintilante.
Hoje eu te vi na lua
Sorrindo,
Acenando,
Querendo.
Hoje eu chorei no chão
Porque não conseguiria chegar lá.
Hoje eu entendi
Que a distância é real
E o peso da alma,
Determinante.
Gisa (Pelotas - Brasil)
Do blogue (um dos meus preferidos) Ler, Escrever e Viver

Um poema para hoje

Leilões de Morte

Lanços da vida, leilões de morte,
destinos controversos que se cruzam,
paixões doentias que atormentam
a existência dos seres abandonados.
Ao som dos passos, ao trautear das musas,
em mui sublime inspiração,
ousamos desvendar frescos horizontes
que podem transformar o próprio norte.

Na ânsia incontida que domina
o bom talento, a firme conceção,
de tudo quanto impera na existência
sem raizes nem falsos alicerces,
eu sou um Eu que nada compreende
mas não recusa assimilar o que lhe mostram,
tentanto erigir a minha ideia,
contrariando mesmo a própria sina.

Lanços de vida, leilões de morte,
fragmentos da sorte que maldigo
ao confiar no giro humano em que milito,
e sobretudo em mim que não conheço,
qual rei a sua corte!

Lanços de vida que são leilões de morte.

Eu quero edificar o meu juizo
bem alto, roçando lá no cume,
sem que pretenda que um só favor concorra
na constante dum lema louco, mas preciso!
Lanços da vida, leilões de morte,
efémeras vogas que vamos contraindo
no dia a dia de exaustivo empenho
na conquista de espaço de tal sorte!

Lutas que são vida, gestos que não mudo
e bailam nos meus olhos, nas minhas próprias mãos,
que vão vivificando uma esperança
e desenham sonhos nos caminhos.
São gestos, são queixumes, são gemidos,
são loucuras de criança já crescida,
sã notas bem pungentes de quem sabe
que afinal nada é nada sem ser tudo.

Aníbal José de Matos - Figueira da Foz - Portugal (do meu livro ESPERANÇAS)

 
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