terça-feira, 30 de agosto de 2011

Férias

CAROS VISITANTES:

A T É
J Á

VOU DAR UMA VOLTA E REGRESSO EM BREVE, SE DEUS QUISER.


ABRAÇO.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Francisco Rodriguez Marin



ANHELOS [ANSEIOS]




Agua quisiera ser, luz y alma mia,
que com su transparencia te brindara;
porque tu dulce boca me gustara,
no apagara tu sed, la encenderia.

Viento quisiera ser: em noche umbria
callado hasta tu lecho penetrara
y aspirar por tus labios me dejara,
y mi vida en la tuya fundiria.

Fuego quisiera ser para abrasar-te
en un volcán de amor, ah! estatua inerte,
sorda a las quejas de quien supo amar-te!

Y después, para siempre poseerte,
tierra quisiera ser, y disputarte
celoso a la codicia de la muerte.

Francisco Rodriguez Marin,poeta espanhol, nasceu em Osuna em 1855 e faleceu em Madrid em 1943.
Foi diretor da Biblioteca Nacional de Madrid.
Entre dezenas de obras, assinou Auroras y nubes, Nueva premática del tiempo, Flores y frutos, De rebusco e Madrigales.

sábado, 20 de agosto de 2011

Cecília Meireles



Aos amigos


Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in "Poemas (1951)" (Poesia enviada por uma Amiga e companheira de letras)




Cecília Benevides de Carvalho Meireles, nasceu no Rio de Janeiro (Brasil), em 7 de novembro de 1901, cidade onde faleceu a 9 de novembro de 1964.



Cecília Meireles foi poetisa, pintora, professora e jornalista, sendo considerada umas das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa.
Entre muitas das suas obras, contam-se A Bíblia na Literatura Brasileira, A Rosa,Obra Poética,Metal Rosicler, Poemas de Israel, Antologia Poética, Solombra, Ou Isto ou Aquilo, Escolha o Seu Sonho, Crônica Trovada da Cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro, O Menino Atrasado, Poésie (versão francesa),Antologia Poética,Poemas Italianos, Poesias (Ou isto ou aquilo & inéditos), Flor de Poemas, Poesias Completas, Elegias e Flores e Canções.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

José Martí



Cultivo uma rosa branca

Cultivo uma rosa branca,
em julho como em janeiro,
para o amigo verdadeiro
que me dá sua mão franca.

E para o cruel que me arranca
o coração com que vivo,
cardo, urtiga não cultivo:
cultivo uma rosa branca.

José Martí


José Martí (José Julián Martí Pérez, de seu nome completo), nasceu em Havana a 28 de janeiro de 1853 e faleceu em Dos Ríos a 19 de maio de 1895, contando, pois, apenas 42anos. Foi um político, pensador, jornalista, filósofo e poeta, sendo sendo o fundador do Partido Revolucionário Cubano e mentor da Guerra de 1895 ou Guerra Necessária. Seu pensamento transcendeu as fronteiras de sua Cuba natal para adquirir um caráter universal. Em seu país natal, também é conhecido como «El apóstol».
O aeroporto internacional de Havana tem o seu nome.

domingo, 14 de agosto de 2011

António Amargo




HÁ FESTA NA MOURARIA


Há festa na Mouraria,
é dia da procissão
da senhora da saúde.
Até a Rosa Maria
da rua do Capelão
parece que tem virtude.

Naquele bairro fadista
calaram-se as guitarradas:
não se canta nesse dia,
velha tradição bairrista,
vibram no ar badaladas,
há festa na Mouraria.

Colchas ricas nas janelas,
pétalas soltas no chão.
Almas crentes, povo rude
anda a fé pelas vielas:
é dia da procissão
da senhora da saúde.

Após um curto rumor
profundo siléncio pesa:
por sobre o largo da guia
passa a Virgem no andor.
Tudo se ajoelha e reza,
até a Rosa Maria.

Como que petrificada,
em fervorosa oração,
é tal a sua atitude,
que a rosa já desfolhada
da rua do Capelão
parece que tem virtude.


António Amargo

António Amargo,peudónimo de António Correia Pinto de Almeida, era natural da Figueira da Foz, onde nasceu em 1895. Ligado à comunicação social, foi diretor e redator do jornal Gazeta da Figueira, colaborando ainda noutros jornais, incluindo a Imprensa da Manhã, de Lisboa, de que foi redator, cidade onde residiu durante vários anos, tendo ainda exercido a profissão em A Capital.
Na sua terra natal colaborou em diversas periódicos, entre os quais O Figueirense e o Palhinhas.
Autor dramático, escreveu várias peças, como O Castigo, Os Conspiradores e o Degredado.
Poeta de grande valia, dele ficaram célebres os Sonetos Minero-Metálicos, sendo ainda autor de, entre outros trabalhos, Feira de Fantoches e Vozes do Silêncio.
O poema que hoje aqui publico, foi musicado por Alfredo Marceneiro, que o interpretou, bem como, entre outros artistas, Amália Rodrigues.

sábado, 13 de agosto de 2011

Aníbal José de Matos




INSUBMISSÃO


A insubmissão é raiva mal contida,
É amor-próprio ferido por agruras,
É tristeza espelhada em vidro baço,
É sofrimento ardente sem fronteiras,
É pesadelo sem ternura.

É tormento e desespero,
É mutação de alma,
É resposta sem tempo nem espaço,
É defesa sem controlo,
É ambição minada e a enegrecer.

A insubmissão é fruto da descrença,
É luta por trilhos escondidos,
É dor sem tréguas nem descanso,
É retrocesso impaciente
A momentos impossíveis.

Aníbal José de Matos

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PEDRO HOMEM DE MELO



Resgate

Não sou isto nem aquilo
É o meu modo de viver
É, às vezes, tão tranquilo
Que nem chega a dar prazer...




Todavia, onde apareço,
Logo a paz desaparece
E a guerra que não mereço
Dá princípio à minha prece.



És alegre? Vês-me triste?
Por que não te vais embora?
Quem é triste é porque é triste.
E quem chora é porque chora.



Tenho tudo o que não tens
Tenho a névoa por remate.
Sou da raça desses cães
Em que toda a gente bate.



Só a idade com o tempo
Há-de vir tornar-me forte.
A uns, basta-lhes o vento...
Aos Poetas, basta a morte.

Pedro Homem de Mello, en "Eu hei-de voltar um dia"


Pedro da Cunha Pimentel Homem de Melo, de seu nome completo, nasceu no Porto em 6 de setembro de 1904, cidade onde faleceu a 5 de março de 1984. Foi um poeta, professor e folclorista português, escrevendo vários poemas para a fadista Amália Rodrigues, entre os quais se destacou e tornou popular, Povo que Lavas no Rio.
Entre muitos outros trabalhos, escreveu Danças de Portugal, Jardins Suspensos, Segredo, Bodas Vermelhas, Miserere, Os Amigos Infelizes, Grande. Grande era A Cidade, Poemas Escolhidos, Ecce Homo, Poesias Escolhidas, E ninguém me conhecia e Lisboa.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

ARY DOS SANTOS

Amêndoa Amarga


Por ti falo e ninguém pensa
mas eu digo minha amêndoa, meu amigo, meu irmão
meu tropel de ternura, minha casa
meu jardim de carência, minha asa.

Por ti vivo e ninguém pensa
mas eu sigo um caminho de silvas e de nardos
uma intensa ternura que persigo
rodeada de cardos por tantos lados.

Por ti morro e ninguém sabe
mas eu espero o teu corpo que sabe a madrugada
o teu corpo que sabe a desespero
ó minha amarga amêndoa desejada.

José Carlos Ary dos Santos

Autor de mais de 600 poemas para canções, Ary dos Santos, gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes. Notabilizou-se também como declamador, tendo gravado um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira.
Ary dos Santos nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1936, cidade onde viria a falecer em 18 de Janeiro de 1984.
À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia ser uma autobiografia romanceada.
O poeta escreveu, entre outros trabalhos, Asas, A Liturgia do Sangue, Tempo da Lenda das Amendoeiras, Adereços, Endereços, Insofrimento In Sofrimento, Fotos-grafias, Ary por Si Próprio, Resumo, Poesia Política,As Portas que Abril Abriu, Bandeira Comunista, Ary por Ary, O Sangue das Palavras, Ary, Vinte Anos de Poesia, As Palavras das Cantigas, Estrada da Luz e Rua da Saudade.

domingo, 7 de agosto de 2011

Amália Rodrigues



GRITO


Silêncio!
Do silêncio faço um grito
O corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco.

De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido.

Ao céu!
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.

E eu,
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora.

Solidão!
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura.

Ai, solidão
Quem fora escorpião
Ai! solidão
E se mordera a cabeça!

Adeus
Já fui para além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede.

Adeus,
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai, como dói
A solidão quase loucura.

Amália Rodrigues (1920 — 1999)

Aníbal José de Matos

Mais além

O sofrimento faz parte integrante duma vida,
A alegria é um acidente na caminhada
Em direcção a um horizonte perdido.
As lágrimas são o escape
De quase permanente chamamento
Aos degraus das intermitências.

A vida é um bem ou mal que se adquire
Sem que contribuamos para tal,
Mas exige que cumpramos
As determinantes de linhas traçadas.
Viver é julgarmos que existimos
Como se nada houvesse para depois.

Caminhar é seguir passos conseguidos
De quem vê muito mais além.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ERNESTO TOMÉ

… E neste sonho incerto que nos prende,
Como uma renda num vergel de rosas,
Somente o teu amor é que me entende,
Mais as minhas promessas voluptuosas…

Longe de nós o amor que imobiliza
A vida, como os pântanos sombrios;
Quero sentir a vida que eterniza
Os longos e frementes arrepios…

E, se um dia sofrermos, mesmo, então,
Dos mais o nosso amor será diferente,
E o nosso coração
Sangrará, sofrerá, caladamente…

Se uns beijos morrem, outros nascerão
Mais doidos para se darem, mais mordentes,
E os momentos magoados passarão,
Deixando os corações quase indiferentes…

E a tua vida já tu vês que, assim,
Hei-de possuí-la toda, sem cansaços,
Bem confundida e toda presa em mim,
No conchego gentil dos meus abraços…

E tu, doida de amor, virás, então,
Toda fremente, num deslumbramento,
- e mais me deixarás o coração
Vivendo o teu febril encantamento…

Ernesto Tomé (Ernesto Fernandes Gomes Tomé, de seu nome completo), foi figura de grande destaque, tendo nascido em Santana (Figueira da Foz), em 31 de maio de 1894, falecendo na ilha de S. Tomé, em 25 de outubro de 1975.

Teve múltiplas facetas a sua atividade, como escritor (ROMANTISMO, LEGENDAS, POEIRA DE PALAVRAS, 100 PINGOS DE TINTA, MIGALHAS, etc), poeta (FIGUEIRA DA FOZ, LIVRO DE DESENCANTO, AS MINHAS PARA CONTIGO, CARTA COM RUMO, etc).

Escreveu ainda imensos trabalhos sobre desporto, foi autor dramático e exerceu múltiplos cargos em termos de associativismo. Foi desportista, alcançando vários títulos nacionais em remo em representação do seu clube de sempre, o Ginásio Clube Figueirense.

Ainda no campo da escrita, foi diretor de jornais figueirenses e colaborador da imprensa diária nacional.
 
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