sábado, 29 de outubro de 2011

Emilia Currás


Que tristeza viver sem amor!


Que tristeza viver sem amor!
Que aridez interior é
E que cansaço!
Não se pode suportar.

A alma vai-me estalar,
Que o desconsolo é dor
E a dor é solidão.
A alma vai-me estalar.

Emília Currás (Tradução livre)

Emilia Currás Puente é Doutora em Ciências Químicas, Documentalista Científica, Professora Titular da Universidade Autónoma de Madrid e Presidenta de Honra do ISKO-Espahaa.
Pertence a várias Academias Científicas e Literárias espanholas e doutros países.
Recentemente foi condecorada como Dama da Ordem das Palmas Académicas da Academia de Valência, onde ocupa o cargo de Vice-presidente.
Fundadora e Presidente do Comité Científico.
Também foi nomeada Vice-presidente da Secção de Ciência e Tecnologia do Ateneu de Madrid.
É presidente de Honra do OSKO - Espanha, Química Europeia,sócia do Instituto para Informação Científica. Medalhe de ouro da Fundação Kaula e de FEDINE. Distinguida pelo Colégio Oficial de Químicos, membro de Honra do Colégio de Doutores e Licenciados, entre outros galardões.
Publicou vários livros científicos e dois de poesia, e mais de uma centena de artigos em revistas espanholas e doutros países.

domingo, 16 de outubro de 2011

Maria Luísa Baptista

A fadista Kátia Guerreiro com Maria Luisa Baptista




A VOZ DO VENTO



Era tarde e já morria
Na distância, o teu olhar
Era tarde e eu já sabia
Que nunca irias voltar

Mas não te quero de volta
Nem quero pensar que um dia
Doeu tanto a tua falta
Que eu julguei que endoidecia

Lutei então, como louca
Chorei mágoas, chorei danos
A minha voz fez-se rouca
Sofri tantos desenganos

Hoje és só recordação
Que não me traz sofrimento
Foste uma linda ilusão
Que partiu na voz do vento


Maria Luísa Baptista


Letra para um fado interpretado por aquela que, pessoalmente, considero a melhor fadista da atualidade: Katia Guerreiro.



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Albeniz Clayton



Ícaro e eu

Voando
Ele me oferece
Oferecendo-se de longe
Algo, leve, invisível
E voa

Vendo-o desaparecer
Nas nuvens
Brumas dos meus sonhos
Vou tateando sombras
Pressinto a queda
Iminência de um amor

Ele se salva
Homem
Salvando-me do salto ao vazio
Retém meus pés
Cala a minha mente
Ocupando a minha boca
Com o seu idioma
Tranquilizando as minhas asas
Desaparecendo nos seus braços
Unifico-me
Em músculos encontrados
Em pleno céu
Transformo-me no que ele representa
E
Suspiro
Transpirando
Pele
Ele
Pulmão
Estamos
Os dois
Loucos
E esta loucura nos une num nó
Porque eu sou ele
Eu sou
Irreal ou real
O voo consentido pelo pai

A fantasia nos salva
E os outros
Quando nos chamam
Utilizam um só nome

Ícaro
Amor
E nós
Dois num
Olhamos
E tão assim mesmo
Voo
Voamos até a queda prometida

Ainda o sinto, longe
Mas dentro
Naquele céu sem deuses e castigos
Nosso
De um lado da noite
Vamos

Ainda vamos
Sonhando alto
De noite
E a lua clareia, fria
Aquece
Sem derreter
Os sonhos

E reinamos

E ele vai caindo dentro de mim
E o tenho no fundo do estômago
Depois da curva do coração
Atravessando as vísceras
Eu o tenho dentro
Bem no fundo da queda

O amor é uma ambição como outra qualquer.

ALBENIZ CLAYTON

O autor nasceu no Rio de Janeiro (Brasil) em 1967, iniciando estudos de artes plásticas na Fundação Escola Guignard em Belo Horizonte (Brasil). Em 1990, deixa o país e inicia uma viagem por Espanha e Marrocos, naturalizando-se espanhol. Frequenta o curso de Filologia Portuguesa na Universidade de Barcelona e recebe a bolsa ERasmus (2000-2001) para estudar Literatura e Tradução na Universidade de Sorbonne – Paris.

 
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