sábado, 31 de março de 2012

Um poema para hoje


Trabalho de Coração

Escarpas de estranho pesadelo
rochedos intransponíveis do receio
areias movediças da nossa indecisão
miragens de esperança nos olhares
catadupas de sorrisos sem fulgor
almas receosas em busca de perdão
e de carinho!

Pedras tombadas de amargura
castelos de areia de promessas
rugidos de longo desespero
na senda de caminhos prometidos!

Um mundo louco a demolir
uma obra de amor a edificar
por nossos braços e nosso corações
para que as crianças possam ver a vida
por vidros cor-de-rosa!

Aníbal José de Matos - Figueira da Foz (Portugal) 1979

terça-feira, 27 de março de 2012

Um poema para hoje


Para, escuta, olha !

Fugir não adianta
se dentro de ti
a perseguição da tua alma te atormenta.
A dor que sentes leva-te ao desespero.

Para, escuta, olha,
não em atenção aos comboios
mas ao que transportas em ti.

Lembra-te:
A vida é uma dádiva de Deus.
Não a desperdices,
sacode a poeira,
e controla a distorção
que te impede de ser feliz!

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) - 27 de março de 2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

Um poema para hoje

Ser Poeta

Ser poeta é ser pessoa!
É sentir lá bem no fundo
Que por muito que nos doa
Há que ter fé neste mundo...

É ver a terra ao contrário,
É cantar outras visões,
É pintarmos um cenário
Com a cor das ilusões...

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal), in CONFLITOS
.
Imagem da NET

domingo, 25 de março de 2012

Quadras populares

sábado, 24 de março de 2012

Um poema para hoje


INCONSTÂNCIA

Teu rosto não tem a cor
De ontem à tarde.
Perdeu o som tua boca
Que dava conta do brilho
De malícia que teus olhos
Tão ternos me murmuravam!

Teu peito perdeu o arfar
Da brisa da tarde quente.
Teus lábios roxos contrastam
Com o escarlate que queimava
Minha boca contorcida
E sequiosa!

Metarmofose confusa
Gera o tom inconformado
De inconstante sentimento!
E ontem à tarde perdeu-se
Na imprecisão do momento.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Quadras populares

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Mundial da Poesia

Um poema para hoje

Em DIA MUNDIAL DA POESIA

Digam lá

Bati à tua porta e não abriste,
Chorei por não te ver e não ligaste,
Cantei na tua rua e não me ouviste,
Esperei por ti e não passaste.

Sentei-me no rebato à tua espera,
Depois corri sem saber para onde ia,
E o ver-te não passou duma quimera,
Apenas foi comigo a nostalgia.

E quedou-se sem amparo a minha dor,
Este pranto profundo de sofrer.
E digam lá se não se chama amor
Esta mágoa por tanto te querer!

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal) Publicado no livro “Embarque em Sobressalto” e selecionado para a III Antologia de Poetas Lusófonos.

terça-feira, 20 de março de 2012

Um poema para hoje

Primavera, eu te saúdo

Ei-la, estação bonita e ansiada
Com hinos de louvor à Natureza!

Ei-la, dengosa e oferecida,
Motivando amores e sonhos d'ouro!

Ei-la, rejuvenescida e bela,
Pulsando vida, envolta em pétalas!

Ei-la, primavera suave e apetecida,
Mensageira do sol e da ternura!

Ei-la, sadia e desejada,
Cobrindo nosso peito de prazer,
Renovando o sabor de mais um dia!

Eu te saúdo, bem-vinda primavera.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) - 1988

domingo, 18 de março de 2012

Um poema para hoje



TRILOGIA

Aranha - abelha - formiga,
trabalho, canseira, fadiga,
lenda, ilusão ou verdade,
sorte, desgraça, uma vida
na teia que ateia a cidade...
Aranha que mata, que vive, que morre,
que trilha o caminho seguro
cuidando atenta o futuro
bem duro!

Aranha - abelha - formiga,
trabalho, canseira, fadiga,
a sorte, o amor e o pão,
que o mel transforma em condão!
Zangãos, obreiras, rainhas,
vitórias fechadas, rotundas,
belezas em terras imundas,
fecundas!

Aranha - abelha - formiga,
trabalho, canseira, fadiga,
inverno escondida, verão descoberta,
luta heróica por sorte tamanha...
Não ao descanso, olhos alerta,
formiga que és e o mundo admira.
Que a vida é bem dura a si se convence,
dá conta do fado que bem lhe pertence
mas vence.

Aníbal José de Matos - Figueira da Foz - Portugal (1965)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Um poema para hoje


A UMA CRIANÇA

Tu que és vida!
Que brincas e que ris,
E a tudo que é nada dizes nada!
Tu que saltas e que choras
E ainda ris!
Que lesto corres e saltitas,
Que colhes borboletas e as soltas
P'ra que vivam!

Que pulas de flor para flor
Em busca das abelhas que são vida!

Que és alheio à dor e à incerteza,
... VIVE!

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) 1973

sexta-feira, 9 de março de 2012

Um poema para hoje


Olhos Castanhos

Invade-me o vazio,
A nostalgia traz consigo o cinzento
Das manhãs envoltas em silêncio.

Os dias arrastam-se
No limiar das noites doentias...

Apenas uns olhos castanhos,
Refletindo a imagem da saudade,
Me amparam e dão coragem p'ra seguir.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) - 1991

terça-feira, 6 de março de 2012

Um poema para hoje


Sombras

Em meu redor figuras grotescas bailam!
Não lhes diviso os contornos
Mas visões em reflexos (esquecidas).
Passado que rodopia, confuso (mas latente?)
E a minha mente estremece...

Sei que sou eu, sei que é a vida
Que volteia em ondas que olvidei
E transtornam o próprio sentido de equilíbrio.
Arrastam-se figuras de gente que passou
Com significado na minha realidade!

É sonho estranho, é pesadelo,
Será o reviver de velhos rumos
Que perpassam em crenças e ternuras!
É cortejo de súplicas e de dores,
É regresso difuso, em negativo!

Instantes ridentes se entrelaçam
Nas figuras grotescas que revolvem
Meu ego, minha alma e minha esperança!
Sombras que abraçam,
Confundem e magoam...

Será a terra a reclamar-me
E o céu a repelir a minha Fé?
É o grito de perdão da minha vida
Ou o sol a abandonar-me no ocaso?

Ou será o estertor da minha alma em sobressalto?

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) - "Conflitos" (1992)

sábado, 3 de março de 2012

Um poema para hoje


Apelo

Betoneiras, guindastes, parapeitos
em janelas, nesgas descuidadas...
Escadas erradas, de serviço, sol que não domina
a nuvem atrevida que não passa!
Paralelepípedos destroças de pés que vão descalços,
feridos, contorcidos, doloridos,
fugidos à polícia que os persegue
agarrada à postura que não permite pés despidos de sapatos...
mas não contém uma cláusula de auxílio p'r'ós calçar...

Betoneiras que amassam o cimento
da cidade perdida no abismo
de milhões de vícios, de drogas, de negra podridão...

Guindastes que sobem às alturas
das misérias que todos pressentimos!

É proibido cuspir para o chão
... onde até os que proíbem cospem mesmo...
É preciso trabalho, projetem-se organigramas
que controlem betoneiras
e conduzam os guindastes às alturas ideais...

Que calcem os descalços
e eduquem os que conspurcam o chão desta cidade!

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal), no livro ESPERANÇAS
 
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