terça-feira, 28 de setembro de 2010

Acácio Antunes


Canhão e telescópio



Na torre da vetusta fortaleza,
Assenta o artilheiro o seu canhão,
Para covardemente, de surpresa,
Talar dum golpe o incauto batalhão.


É grandioso o plano, enorme a presa
Dessa campanha em que, por conclusão,
No rijo ataque e na tenaz defesa,
Mortos aos mil hão-de juncar o chão!


Doutra torre, não longe, pela fresta,
Outro artilheiro o seu canhão assesta,
Noutros campos a olhar atento e fito.


E enquanto aquele uma cidade anhela,
Este, sereno e firme, dentro dela,
Conquista os vastos mundos do infinito!


Acácio Antunes

De seu nome completo Acácio Graciano Antunes Brás, nasceu na Figueira da Foz em 26 de julho de 1853 e faleceu em Lisboa a 2 de abril de 1927.
Foi poeta distinto e jornalista, Escreveu os livros de poemas AGUARELAS E ÁGUAS FORTES e DA PRIMAVERA AO OUTONO.


Lucía Serrano


PAJARO VESTIDO
Me convida el lucero
a llegar más alto
cada día,
y encuentro las calles
de mi infancia,
aquel olor a trigo,
a viento de eucaliptus.
Diviso el terreno
antes de comenzar
a recorrerlo
y más tarde olvido.
Siempre de pie
el hombre es
un pájaro vestido.

Lucía Serrano (Buenos Aires - Argentina) em La Sangre que faltaba

domingo, 26 de setembro de 2010

Luiz de Aquino


Luiz de Aquino em "MENINA DOS OLHOS" - Goiânia (Brasil) - 1987
Um livro que o autor me ofereceu em 20 de março de 2001, quando me desloquei àquela cidade do interior brasileiro.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Visitas


domingo, 19 de setembro de 2010

Aníbal José de Matos


A uma criança


Tu que és vida!
Que brincas e que ris
E a tudo que é nada dizes nada!
Tu que saltas e que choras
E ainda ris!
Que lesto corres e saltitas,
Que colhes borboletas e as soltas
Para que vivam!

Que pulas de flor para flor
Em busca das abelhas que são vida!

Que és alheio à dor e à incerteza,
… Vive!

Aníbal José de Matos

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


O cão e o lobo

Conta-se que certo dia
Velho lobo desnutrido
Cambaleando buscava
Animal doente ou ferido.

Eis que vê assomar
Cão luzidio e lustroso
E impetuosamente se vê
Lutando com ar airoso.

Logo a prudência lhe diz:
- Vê se és mais cuidadoso
Pois ó insigne caçador,
Já não és mais temeroso.

Largos elogios se pôs
Ao cão então a tecer
Que levado pela vaidade
Sua vida fez saber.

- Amigo, fez-me a ventura
Não ter na vida cuidados
Nunca busco meus manjares
Pois mos dão bem variados.


Estou gordo e mui anafado
Vivo vida aprimorada
Meus congéneres nunca o dizem
Mas eu sei que é cobiçada.

Se queres viver nédio e gordo
E vida aprazível ter
Deixa estas íngremes fragas
E vem connosco viver.

-Diz-me que faço a teu dono
Para ter tais mordomias
Atalha o lobo espumando
Antevendo as iguarias.

-Pouca coisa - lhe atalha o cão
Adular os seus amigos
Lamber também sua mão
E latir aos inimigos

Chorando de emoção
Já corre o lobo esfaimado
Mas ao descer a encosta
Nota o pescoço esfolado.

- Que é isso companheiro
Quem te feriu tão gravemente
- Não é nada, atalha o cão
É da corrente somente.

-Corrente! Mas que corrente!?
Lhe diz o lobo surpreso
Então isso quer dizer
Que tu ficas às vezes preso!?

- Apenas durante o dia
Para não assustar ninguém
À noite logo me soltam
Que mal é que isso tem!?

- Pois então não quero ir
Não quero tal sujeição
Antes me quero faminto
Do que em tal castração.

Lobo e cão logo se foram
Pensando pelo caminho
Afinal não sou feliz
Muito menos meu vizinho.

Maria Almeida - Porto

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Não me acordes

Por favor não me acordes,
Não cortes os meus sonhos pela raiz,
Não me retires a tranquilidade
Dos dias que não vêm.
Não derrubes os pesadelos
Mais reais dos que a própria vida
Que me rouba os minutos
Duma hora que não surge.

Quero somente repousar
No meu leito de ilusões,
Quero sobreviver
Ante a avalancha das tormentas
Dum mar que nada tem de azul
Junto aos fragmentos duma praia
Em que o areal é feito só de sombras.

Aníbal José de Matos, 7 de Setembro de 2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vinicius de Morais



Eu não existo sem você

Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo o grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.

Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!

Vinicius de Morais

Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro (Brasil), em 19 de outubro de 1913, ali falecendo a 9 de julho de 1980. Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor.
"Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia."

Vinícius de Moraes
 
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