sexta-feira, 11 de março de 2011

Santiago Pinto

Sorte

Mas que palavra esquisita
Que tanto oiço dizer
Pois eu não sei onde fica
Se ela é feia ou bonita
Não sei por não conhecer

Sorte!... O que quer dizer?
Se ela existe, onde mora?
Então porque não assiste
E de estúpida resiste
A tanta gente que chora?

Se uns têm, outros não têm
Não pode ser coisa boa
A uns tira, a outros dá
Só pode ser coisa má
Que a tanta gente doa

Palavra que não conheço
Estarei errado, ou não?
Ou será que não mereço
A razão eu desconheço
De nunca lhe pôr a mão

Sorte ou desgraça, enfim…
E situação definida
Uns vivem bem, outros não
Temos esta condição
Nos dias da nossa vida

Suponho que ela passa
Sempre ao lado da desgraça
Sem lhe dar a sua mão

Se afinal a sorte existe
Na minha ideia consiste
Que ela não tem coração

Jorge de Santiago Pinto - Foi proprietário e diretor da 2.ª série do jornal CORREIO DA FIGUEIRA

1 comentário:

Olímpio disse...

Obrigado por recordar Santiago Pinto.
Recordo bem esse tempo com o Santiago. As cheias em Montemor levaram tantas recordações dos seus escritos e desenhos que fazia da minha figura.Como andei por lá de tamancos, em criança, um dia surgi com uns enormes. Meu Deus, o que somos, ELE falou a minha verdade, sejamos pois conscientes e fieis do nada que sou.

 
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