quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Roque Dalton

D E S N U D A




Nos 36 anos do assassinato de Roque Dalton



Desnuda




Amo tu desnudez
porque desnuda me bebes con los poros,
como hace el agua
cuando entre sus paredes me sumerjo.

Tu desnudez derriba con su calor los límites,
me abre todas las puertas para que te adivine,
me toma de la mano como a un niño perdido
que en ti dejara quieta su edad y sus preguntas.

Tu piel dulce y salobre que respiro y que sorbo
pasa a ser mi universo, el credo que se nutre;
la aromática lámpara que alzo estando ciego
cuando junto a la sombras los deseos me ladran.

Cuando te me desnudas con los ojos cerrados
cabes en una copa vecina de mi lengua,
cabes entre mis manos como el pan necesario,
cabes bajo mi cuerpo más cabal que su sombra.
El día en que te mueras te enterraré desnuda
para que limpio sea tu reparto en la tierra,
para poder besarte la piel en los caminos,
trenzarte en cada río los cabellos dispersos.

El día en que te mueras te enterraré desnuda,
como cuando naciste de nuevo entre mis piernas.

Roque Dalton

Roque Dalton nasceu em San Salvador em 1935 e morreu em 1975. Foi um poeta salvadorenho, cujo trabalho, estilo de conversação e socialmente comprometida, foi um dos participantes na renovação da poesia norte-americana da década de 1960. Nascido no bairro popular de San José de San Salvador, o jovem Roque Dalton completou seus primeiros estudos em escolas religiosas Teresinha do Menino Jesus e João Batista, para entrar mais tarde no exterior do San José, onde em 1953 obteve o grau de bacharel.

Desentendimentos com os líderes de esquerda em seu país, em 1967 deixou o Partido Comunista e ficou afastado de suas políticas, até que, em 1973, ele voltou a El Salvador para se juntar às fileiras do Exército Revolucionário do Povo (ERP), onde assumiu o pseudónimo de guerrilha julho Delphi Marin. Depois de trabalhar ativamente apoiada nessa organização clandestina de confronto direto e luta armada, por razões obscuras que nunca foram esclarecidas foi perseguido, julgado e executado pelos seus próprios camaradas de armas, que deixaram seu corpo num lugar selvagem, onde foi devorado por animais selvagens. A execução provocou protestos violentos nos meios inteletuais, especialmente entre os escritores latino-americanos.




Poema extraído do blogue LA SANGRE QUE FALTABA.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Aníbal José de Matos

Lá vai na barca remando...
Mais uma maré vencida...
Quem sabe lá até quando?
Lá vai a Barca da vida!


MINHA BARCA

Ilusões, eu sei lá quantas
Vi nascer dentro de mim,
E com elas mágoas tantas
Quando chegava ao fim...
Como em mar encapelado
Cabos sem esperança dobrando,
Meu coração destroçado
LÁ VAI NA BARCA REMANDO...

Em busca d enão sei quê
Nesse além que tão distante
Minh'alma sente e não vê
Por não ter a fé bastante...
Mas rema, rema ofegante
E enceta nova subida,
e a remadas de gigante
MAIS UMA MARÉ VENCIDA...

Meu navio solitário
Que voga na imensidão,
Reflete o imaginário
Da minha ténue razão.
E busca trilhos de esperança
Que o vão alimentando,
Dominando a insegurança
QUEM SABE LÁ ATÉ QUANDO?

Mas as ilusões renascem
De quando em vez com fulgor,
Como se as marés voltassem
A trazer-me o meu Amor!
E até que um dia anoiteça
Minha esperança perdida,
Até que tal aconteça
LÁ VAI A BARCA DA VIDA

Aníbal José de Matos (Jogos Florais da Fuzeta - Poesia obrigada a mote - 1992)
 
contador online gratis