segunda-feira, 18 de abril de 2016


ANTERO DE QUENTAL
(18 de abril de 1842 - 11 de setembro de 1891)
 
 
AD AMICOS
 
Em vão lutamos. Como névoa baça,
A incerteza das coisas nos envolve.
Nossa alma, em quanto cria, em quanto volve,
Nas suas próprias redes se embaraça.

O pensamento, que mil planos traça,
É vapor que se esvaI e se dissolve;
E a vontade ambiciosa, que resolve,
Como onda entre rochedos se espedaça.

Filhos do Amor, nossa alma é como um hino
À luz, à liberdade, ao bem fecundo,
Prece e clamor d'um presentir divino;

Mas n'um deserto só, árido e fundo,
Ecoam nossas vozes, que o Destino
Paira mudo e impassível sobre o mundo.
 
Antero Tarquínio de Quental, de seu nome completo, foi um escritor e poeta português. Nasceu e morreu em Ponta Delgada (Açores).



 

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