sábado, 28 de janeiro de 2012
Um poema para hoje
Canto a Vida
Eu canto os rios, ribeiros, canto as fontes,
E beijo as suas águas cristalinas,
Canto a beleza dos vastos horizontes,
O chilrear das aves matutinas.
Eu canto os ternos bens, as frescas madrugadas,
A Natureza Mãe que pôs ao meu dispor
Retos caminhos p'ra retas caminhadas,
Plenas de paz num mundo só de amor.
Eu canto os bons amigos, supremas amizades,
Que na vida constroem felicidades
E nos dão forte alento p'ra viver.
Canto o Sol, o Amor, eu canto a Vida,
Eu canto a poesia a Deus erguida
Por tanto que me deu sem o merecer!
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - 1982)
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Um poema para hoje
A Minha Selva
Quem pensas tu que és
Ao pretenderes impedir
O desbravar da minha selva,
E ao quereres controlar
O impulso dos meus próprios movimentos?
Quem pensas tu que sou
Para te julgares senhor e rei
Dum reino que criei
Na minha fantasia?
Rei sou eu e a selva é minha,
A tua imensidão não me intimida
Porque sou Homem e a selva é grande!
Pensa e desiste, amigo, não procures
Ir além do torreão das tuas próprias forças,
Até porque eu sou Eu.
Aníbal José de Matos - Figueira da Foz
sábado, 7 de janeiro de 2012
Fernando Pessoa
Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcescível sempre.
Coroem-no pâmpanos, ou heras, ou rosas volúteis,
Ele sabe que a vida
Passa por ele e tanto
Corta à flor como a ele
De Átropos a tesoura.
Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
Que o seu sabor orgíaco
Apague o gosto às horas,
Como a uma voz chorando
O passar das bacantes.
E ele espera, contente quase a bebedor tranquilo,
E apenas desejando
Num desejo mal tido
Que a abominável onda
O não molhe tão cedo.
Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa). Fernando Pessoa, de seu nome completo Fernando António Nogueira Pessoa, foi o maior poeta português do século XX. Nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888 e faleceu na mesma cidade em 30 de novembro de 1935. Nascendo no dia de Santo António (Fernando de Bulhões), foi-lhe dado o nome de Fernando e de António. Utilizou vários heterónimos, sendo os mais conhecidos os de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro. MENSAGEM foi, talvez, a sua obra mais conhecida mas a sua produção foi muito vasta.
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