sexta-feira, 18 de março de 2016

António Nobre




Vaidade, tudo vaidade

 


Vaidade, meu amor, tudo vaidade!
Ouve: quando eu, um dia, for alguém,
Tuas amigas ter-te-ão amizade,
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm.

Vaidade é o luxo, a glória, a caridade,
Tudo vaidade! E, se pensares bem,
Verás, perdoa-me esta crueldade,
Que é uma vaidade o amor de tua mãe...

Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna
E eu vi-me só no mar com minha escuna,
E ninguém me valeu na tempestade!

Hoje, já voltam com seu ar composto,
Mas eu, ve lá! eu volto-lhes o rosto...
E isto em mim não será uma vaidade?

 

António Nobre - Poeta português, autor, entre outras obras, do célebre poema "SÓ". Completam-se hoje 116 anos sobre a data da sua morte (18 de março de 1900). Faleceu na Foz do Douro contando apenas 32 anos.

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