segunda-feira, 28 de março de 2016

Um poema para hoje


Cecília Meireles
 
 
 

O que amamos

está sempre longe de nós


O que amamos está sempre longe de nós:
e longe mesmo do que amamos - que não sabe
de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

O que amamos está como a flor na semente,
entendido com medo e inquietude, talvez
só para em nossa morte estar durando sempre.

Como as ervas do chão, como as ondas do mar,
os acasos se vão cumprindo e vão cessando.
Mas, sem acaso, o amor límpido e exato jaz.

Não necessita nada o que em si tudo ordena:
cuja tristeza unicamente pode ser
o equívoco do tempo, os jogos da cegueira

com setas negras na escuridão.

Cecília Meireles (Cecília Benevides de Carvalho Meireles) , poetisa brasileira, natural do Rio de Janeiro, onde nasceu a
7 Nov 1901 e faleceu em 9 Nov 1964 )

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