sábado, 4 de julho de 2009

ANTÓNIO NOBRE

Aqui, sobre estas águas cor de azeite,
cismo em meu Lar, na paz que lá havia:
Carlota, à noite, ia ver se eu dormia
e vinha. de manhã, trazer-me o leite.

Aqui, não tenho um únito deleite!
Talvez-... baixando. em breve, à Água fria,
sem um beijo, sem uma Avé-Maria,
Sem uma flor, sem o menor enfeite!

Ah pudesse eu voltar à minha infância!
Lar adorado, em fumos, a distância,
ao pé de minha Irmã, vendo-a bordar;

Minha velha Aia! Conta-me essa história
que principiava, tenho-a na memória,
"Era uma vez..."
Ah deixem-me chorar!
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António Nobre
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António Pereira Nobre, nascido no Porto em 16 de Agosto de 1867 e falecido na Foz do Douro (Porto), em 18 de Março de 1900, apenas com 32 anos), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, "Só" (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas.
Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 32 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose.
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Fonte: Wikipédia

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