sábado, 4 de julho de 2009

Manuel Guimarães

Ó Santa dos meus olhos, que partiste,
O teu menino aqui te vem contar
A sua mágoa imensa de ser triste
E já não ter ninguém por quem chamar.

Andam p’ra aí as horas que remiste
Como apagadas velas de um altar,
E no lugar de bem donde saíste
Vivem mágoas de anjos a magoar.

E a balada dos anjos, a abalada
Minha sombra de ti, me deixa traços
E fala dos teus olhos… madrugada

Que eu hei-de ver na esteira dos meus passos:
Não ande aí, ceguinho, pela estrada,
Noite de trevas, estendendo os braços.

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Manuel Guimarães (do livro MEU SABOR DE MENINO, dedicado a sua mãe, em 1974).
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Manuel de Jesus Ferreira Guimarães, nasceu na Figueira da Foz em 12 de Agosto de 1916, falecendo em Lisboa a 19 de Outubro de 1992.
A propósito do poeta, escreveu António de Sousa Freitas: “Manuel Guimarães nasceu na Figueira da Foz, onde o movimento das ondas é escutado como canção que se desprende e ecoa por toda a cidade numa melopeia constante e cheia de ritmo e saudade. Estudou em Coimbra onde a tradição não é palavra vã e a nostalgia permanece num lirismo quente a insinuar-se na realidade das horas e dos anos. Assim, a poesia de Manuel Guimarães não podia evadir-se a estes desígnios. E quando se evade é naturalmente humana, afável, vagamente dolorosa, real.”

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