segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dylan Thomas

A MÃO AO ASSINAR ESTE PAPEL
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A mão ao assinar este papel arrasou uma cidade;

cinco dedos soberanos lançaram a sua taxa sobre a respiração;
duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade um país;

estes cinco reis levaram a morte a um rei.

A mão soberana chega até um ombro descaído
e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas pelo gesso;
uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte
que pôs fim às palavras.

A mão ao assinar o tratado fez nascer a febre,
e cresceu a fome, e todas as pragas vieram;
maior se torna a mão que estende
o seu domínio sobre o homem por ter escrito um nome.

Os cinco reis contam os mortos
mas não acalmam a ferida que está cicatrizada,
nem acariciam a fronte;

há mãos que governam a piedade como outras o céu;
mas nenhuma delas tem lágrimas para derramar.
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Dylan Thomas
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(tradução: Fernando Guimarães)
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"Dylan Marlais Thomas nasceu em Swansea, no País de Gales, a 27 de outubro de 1914. Considerado um dos maiores poetas do século XX em língua inglesa, juntamente com W.Carlos Williams, Wallace Stevens, T.S. Eliot e W.B. Yeats.
Dylan Thomas teve uma vida muito curta, devido a exagerada boémia que o levou ao fim de seus dias aos 39 anos, mas ainda teve tempo de nos deixar um legado poético que o tornou um dos maiores influenciadores de toda uma geração de escritores."
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Ontem, tive a feliz oportunidade de assistir, no CAE da Figueira da Foz, ao filme "No Limite do Amor", realizado por John Maybury, uma película que assenta em notas biográficas do poeta. "O filme descreve a sua vida, mas sobretudo a complexa relação de amor e ódio com a sua esposa Caitlin, a amiga de infância Vera Philips e o marido desta, William Killick".

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