quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um poema para hoje

Foto de Larisa Larisa
No outro lado

Na outra margem do rio
Em que me dizem que vives
Já não se criam raízes
Porque o vento é sempre frio.
Já não sopra a brisa quente
Em que embalavas meu ser,
Fugiu-te tanto querer
E quedaste tão diferente.

As estrelas não dão brilho
E há um Sol arrependido.
Entre nós um amor perdido
Empresta-me ares de andarilho.
Fugiste de mim, sei lá
Que razões te atormentaram,
Mas para mim já bastaram
As que o amor destruirá.

Esse amor que não o meu.
Porque há um que sobrevive
Para lá do que já tive
Sobre aquele que era teu.
Já não és minha, eu sei,
Fugiste p’rá outra margem
E só me resta a imagem
Dum amor que não morreu.

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal) – Dum livro a editar.

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