A lição do Mar
Não há canto da terra portuguesa
Que não deixe gravada na lembrança
Uma hora de alegria ou de tristeza!
Um sorriso de amor, que não descansa,
Palpitando entre as pedras dos caminhos,
Inunda o nosso olhar de confiança!
Que lágrimas, também, quantos espinhos
Escondidos na gleba empedernida
Que Deus cobriu de flores e de ninhos!
Sempre a dor perseguindo a nossa Vida!
Sempre alguma ilusão amortalhada
No pranto da nossa alma dolorida!
Antes que chegue a luz da madrugada,
Quantos sonhos se vão amontoando
Na mais vertiginosa cavalgada!
Assim, conforme o tempo vai passando,
O coração mais tem que recordar,
Umas vezes sorrindo, outras chorando!
Por isso tu, Figueira, olhando o Mar,
Lembras ainda as frágeis caravelas
Sobre as ondas azuis a baloiçar!
Também teus filhos navegaram nelas!
Também eles sonharam novos mundos,
Com os olhos cravados nas estrelas!
Foi como um sonho que durou segundos!
Mas arde ainda, em ti, a mesma chama
Que ilumina os abismos mais profundos!
Nobre exemplo de quem a Pátria ama,
Não tardou que voltasses a servi-la
Com esse ardor sagrado que te inflama!
É porque dentro dessa fraca argila
Corre o sangue da Raça, que não morre,
E em mil feitos intrépidos, cintila!
Jerónimo de Almeida, no seu livro AINDA HÁ ROUXINÓIS…(1958)
Este poema dedicou-o o autor ao figueirense Prof. António Vítor Guerra.
A obra tem uma dedicatória especial: “À imperecível memória do ilustre figueirense Carlos Sombrio [pseudónimo de António Augusto Esteves]”
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