sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Manuel Guimarães

Dia de anos

Meu sabor de menino que fez anos
Como se foi de mim… como se foi…
Andam maiores e desenganos
A magoar-me a vida, que me dói.

E choram tantas coisas nos meus olhos!
Eles, cansados, a lembrar, demoram…
E ficam-se a olhar, olhando os olhos
De tantas coisas que em meus olhos coram.

Quero para ti as horas mais amenas
Com o sabor de céu e a formosura
De mil ondas mimosas e serenas.

Não tenhas pela vida os meus enganos
Nem Deus te leve nunca essa ventura
Do sabor da menina que fez anos.

Manuel Guimarães (do seu livro AQUELA HORA E A VIDA – 1984) (Capa aqui reproduzida)

Manuel de Jesus Ferreira Guimarães, natural da Figueira da Foz, onde nasceu em 12 de Agosto de 1916, falecendo em Lisboa a 19 de Outubro de 1992.
Dele disse um dia o poeta António de Sousa Freitas, a propósito do livro acima referido: “… retalhos de alma e coração a formarem um todo, aquele todo que é ele mesmo, homem e poeta, vida vivida, ternura, amor.”
Na verdade, neste soneto, um dos muitos que compõem a obra, o poeta figueirense mostra a sua veia literária voltada para a sublime arte da poesia.

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