terça-feira, 9 de agosto de 2011

ARY DOS SANTOS

Amêndoa Amarga


Por ti falo e ninguém pensa
mas eu digo minha amêndoa, meu amigo, meu irmão
meu tropel de ternura, minha casa
meu jardim de carência, minha asa.

Por ti vivo e ninguém pensa
mas eu sigo um caminho de silvas e de nardos
uma intensa ternura que persigo
rodeada de cardos por tantos lados.

Por ti morro e ninguém sabe
mas eu espero o teu corpo que sabe a madrugada
o teu corpo que sabe a desespero
ó minha amarga amêndoa desejada.

José Carlos Ary dos Santos

Autor de mais de 600 poemas para canções, Ary dos Santos, gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes. Notabilizou-se também como declamador, tendo gravado um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira.
Ary dos Santos nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1936, cidade onde viria a falecer em 18 de Janeiro de 1984.
À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia ser uma autobiografia romanceada.
O poeta escreveu, entre outros trabalhos, Asas, A Liturgia do Sangue, Tempo da Lenda das Amendoeiras, Adereços, Endereços, Insofrimento In Sofrimento, Fotos-grafias, Ary por Si Próprio, Resumo, Poesia Política,As Portas que Abril Abriu, Bandeira Comunista, Ary por Ary, O Sangue das Palavras, Ary, Vinte Anos de Poesia, As Palavras das Cantigas, Estrada da Luz e Rua da Saudade.

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