quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PEDRO HOMEM DE MELO



Resgate

Não sou isto nem aquilo
É o meu modo de viver
É, às vezes, tão tranquilo
Que nem chega a dar prazer...




Todavia, onde apareço,
Logo a paz desaparece
E a guerra que não mereço
Dá princípio à minha prece.



És alegre? Vês-me triste?
Por que não te vais embora?
Quem é triste é porque é triste.
E quem chora é porque chora.



Tenho tudo o que não tens
Tenho a névoa por remate.
Sou da raça desses cães
Em que toda a gente bate.



Só a idade com o tempo
Há-de vir tornar-me forte.
A uns, basta-lhes o vento...
Aos Poetas, basta a morte.

Pedro Homem de Mello, en "Eu hei-de voltar um dia"


Pedro da Cunha Pimentel Homem de Melo, de seu nome completo, nasceu no Porto em 6 de setembro de 1904, cidade onde faleceu a 5 de março de 1984. Foi um poeta, professor e folclorista português, escrevendo vários poemas para a fadista Amália Rodrigues, entre os quais se destacou e tornou popular, Povo que Lavas no Rio.
Entre muitos outros trabalhos, escreveu Danças de Portugal, Jardins Suspensos, Segredo, Bodas Vermelhas, Miserere, Os Amigos Infelizes, Grande. Grande era A Cidade, Poemas Escolhidos, Ecce Homo, Poesias Escolhidas, E ninguém me conhecia e Lisboa.


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