quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ERNESTO TOMÉ

… E neste sonho incerto que nos prende,
Como uma renda num vergel de rosas,
Somente o teu amor é que me entende,
Mais as minhas promessas voluptuosas…

Longe de nós o amor que imobiliza
A vida, como os pântanos sombrios;
Quero sentir a vida que eterniza
Os longos e frementes arrepios…

E, se um dia sofrermos, mesmo, então,
Dos mais o nosso amor será diferente,
E o nosso coração
Sangrará, sofrerá, caladamente…

Se uns beijos morrem, outros nascerão
Mais doidos para se darem, mais mordentes,
E os momentos magoados passarão,
Deixando os corações quase indiferentes…

E a tua vida já tu vês que, assim,
Hei-de possuí-la toda, sem cansaços,
Bem confundida e toda presa em mim,
No conchego gentil dos meus abraços…

E tu, doida de amor, virás, então,
Toda fremente, num deslumbramento,
- e mais me deixarás o coração
Vivendo o teu febril encantamento…

Ernesto Tomé (Ernesto Fernandes Gomes Tomé, de seu nome completo), foi figura de grande destaque, tendo nascido em Santana (Figueira da Foz), em 31 de maio de 1894, falecendo na ilha de S. Tomé, em 25 de outubro de 1975.

Teve múltiplas facetas a sua atividade, como escritor (ROMANTISMO, LEGENDAS, POEIRA DE PALAVRAS, 100 PINGOS DE TINTA, MIGALHAS, etc), poeta (FIGUEIRA DA FOZ, LIVRO DE DESENCANTO, AS MINHAS PARA CONTIGO, CARTA COM RUMO, etc).

Escreveu ainda imensos trabalhos sobre desporto, foi autor dramático e exerceu múltiplos cargos em termos de associativismo. Foi desportista, alcançando vários títulos nacionais em remo em representação do seu clube de sempre, o Ginásio Clube Figueirense.

Ainda no campo da escrita, foi diretor de jornais figueirenses e colaborador da imprensa diária nacional.

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