quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aníbal José de Matos

Conflito

Minh’alma quebrou-se ao congelar
A fragilidade latente.
Volatizou-se a visão
Que acalentava meus dias,
Caiu a terra nos restos
Duma imagem permanente.

Findaram-se no insondável
De teias invulneráveis
Os passos firmes e lestos
De quem tudo pressentia.
Finou-se a peregrinação
De quem implorava amor.

Resta a fé dum próximo e pleno encontro,
Sobra a confiança no eterno,
O passo decisivo no desconhecido,
A luta entre o sonho, o pesadelo e a verdade,
P’ra que sejam mais firmes os meus passos
Numa terra confusa e delirante.

Persiste o conflito entre o estar e o partir,
Entre o renunciar e o prosseguir,
Na perspectiva de que a felicidade,
Por essa fé,
Há-de voltar a acontecer.

E voltaremos a encontrar-nos.


Aníbal José de Matos, do livro “Conflitos” (1992)

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