quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tomás Pinto Brandão


Epitáfio

Caminhante que vais tão de corrida.
Pois em nada reparas na jornada.
Repara por tua vida no meu nada.
Que foi toda uma morte a minha vida.

Também do mundo andei muito partida,´
Posto que em diligência mal parada,
E por não ser verdade incorporada
Uma mentira sou desvanecida.

Eu tive ocupação sem exercício,
Eu fui mui conhecido sem ter nome,
Eu, ingrato, morri sem benefício.

Exemplo toma de mim, ó pobre homem,
Que se tratares mal, vives de vício,
E se viveres bem, morres de fome

Tomás Pinto Brandão

Tomás Pinto Brandão, foi um poeta que nasceu e morreu no Porto, em 1664 e 1743, respectivamente.
Segundo a Wikipédia, partiu para o Brasil na companhia do poeta e amigo Gregório de Matos e aí, devido à sua irreverência em matéria de religião, foi preso. Condenado ao degredo em Angola, apaixonou-se pela sobrinha de uma rainha africana. Mais tarde casou, mas foi vítima de um processo movido pela sogra, situação que utilizou de forma satírica para escrever um soneto no mais puro estilo barroco. O seu regresso a Portugal ficou marcado por uma nova condenação e prisão.

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