segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ANTERO DE QUENTAL


Elogio da morte

Na floresta dos sonhos, dia a dia,
Se integra meu dorido pensamento;
Nas regiões do vago esquecimento
Me conduz, passo a passo, a fantasia.

Atravesso, no escuro, a névoa fria
Dum mundo estranho, que povoa o vento,
E meu queixoso e incerto sentimento
Só nas visões da noite se confia.

Que místicos desejos me enlouquecem?
Do Nirvana os abismos aparecem,
A meus olhos, na muda imensidade!

Nesta viagem pelo eterno espaço,

busco o teu encontro e o teu abraço,
Morte! Irmã do Amor e da Verdade!

Antero de Quental

Antero Tarquínio de Quental, de seu nome completo, nasceu em Ponta Delgada (Açores) em 18 de Abril de 1842, onde faleceu a 11 de Setembro de 1891.
Foi uma das figuras relevantes na poesia e na política na segunda metade do século XIX em Portugal.
Nasceu no seio de uma família profundamente religiosa. Estudou no Colégio do Pórtico, de Ponta Delgada, fundado e dirigido por António de Feliciano de Castilho. Em 1858 ingressou na Universidade de Coimbra, onde se viria a licenciar em direito em 1864. É neste período que entra em contacto com a obra de Kant, Hegel, Proudhon, Michelet, A. Comte e outros pensadores contemporâneos. Funda a Sociedade do Raio, organização secreta de estudantes envolvida em práticas maçónicas e na contestação ao sistema. Colabora no jornal O Académico.
Em 1890 é chamado para encabeçar um movimento patriótico que opôs Portugal à Inglaterra em relação à partilha de África.
É autor das obras poéticas: Odes Modernas, Primaveras Românticas, Sonetos e Raios de Extinta Luz (obra póstuma).

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