quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

GUILHERME PLANTIER


O Beijo

As janelas abertas estão cerradas
Com a minh’alma presa num saguão
Esperando o clamor das alvoradas
Que despertem do frio meu coração.

Não quero mais beijar esses mil espelhos
Sobejar-me a correr sem qualquer fito
Mas trespassar-m’ à luz d’alvores vermelhos
Rubores duma atracção pró infinito…

As janelas abriram-se em ti
A luz entrou em gargalhada louca
E nela vivo e sou e me perdi.

Já nada me sobeja, a paixão rouca
Sugou-me em turbilhão desapareci…
- Pois confundi-me enfim na tua boca.

Guilherme Plantier (em II Antologia de Poetas Lusófonos)

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