Curvam-se as almas E o espírito rola sobre nós. O Pastor torna mais lento O bater dos corações E a oração leva-nos ao alto.
Corre o tempo ternamente Sem que nos apresse a saída. O relógio não tem horas Porque o templo nos aconchega.
Neste recolhimento Invade-nos um manto imenso de conforto.
É um domingo diferente. Percorre-nos uma acalmia Como se a pomba da paz voasse sobre nós, Abrindo as suas asas Para nos envolver num amplexo longo e terno.
É que Deus está presente.
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal) Fevereiro de 2012
Aquela cruz além no alto do monte mesmo junto àquela fonte...
Aquela cruz lá em cima batida por doce orvalho é bem um símbolo erguido ao exaustivo trabalho daqueles que neste mundo a vida vão conquistando mercê de esforço profundo, ... a sua cruz transportando!
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) do livro da sua autoria ESPERANÇAS.
Desliza a mascarada impenitente Num grotesco cortejo de figuras. Ecoam gargalhadas de sarcasmo Ao longo de infindável avenida.
Rasgam-se bocas em riso desmedido E voam serpentinas de utopia. E só da ingenuidade das crianças Sopra forte uma alegria genuína.
E enquanto a fantasia permanece Nos três dias de estranho carnaval, Escondem-se verdades dolorosas Com máscaras de morte a balançar Em rostos que perecem pela fome!
Na outra margem O desespero imola-se pelo fogo.
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal), do livro de sua autoria, CONFLITOS.
Fechem a porta devagar, Não perturbem o ruido do silêncio Que me conforta e embala. Descalcem-se, caminhem sobre as nuvens Deslizando em espaços tranquilos Sem sombras de inquietude.
Apaguem as luzes Que me ferem a retina E impedem que adormeça. Sozinho, contemplo as vertentes De montes imaginários. E sigo por aí sem atropelos.
E à noite, a companhia das estrelas Ilumina os meus passos E oferece-me a doce melodia dum percurso Rumo a sonhos por sonhar.
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal) Fevereiro de 2012
"Poesia", um blogue criado por mim em 18 de novembro de 2008, completa hoje a bonita soma de 55 mil visitas. A todos, apreciadores desta variante da literatura, o meu muito obrigado. Aníbal José de Matos
O sofrimento faz parte integrante duma vida, A alegria é um acidente na caminhada Em direção a um horizonte perdido. As lágrimas são o escape De quase permanente chamamento Aos degraus das intermitências.
A vida é um bem ou mal que se adquire Sem que contribuamos para tal, Mas exige que cumpramos As determinantes de linhas traçadas. Viver é julgarmos que existimos Como se nada houvesse para depois.
Caminhar é seguir passos conseguidos De quem vê muito mais além.
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) Maio 2010
Torrentes de alma desabam sobre alguém Que não sustém tristezas nem angústias. São lágrimas de sangue que percorrem Trilhos sofridos, magoados. E o sol esconde-se fingindo ignorar Que a sombra deixou de projetar-se.
Descalços, há pés que correm sobre o frio De madrugadas tingidas de cinzento, Enquanto lágrimas completam o cenário De vidas que não chegam a despontar. E o sol teima em não surgir Para estancar um choro convulsivo.
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal) Fevereiro de 2012.
Montanhas de dispersão, Percursos de exclusão, Caminhos de atrocidade, Planaltos de loucura, Momentos de esquecimento Mas por demais prolongados Sem rota nem soluções Numa vida de incertezas!
Rumos em trilhos sem rumos, Destroços desencontrados, Vidas atormentadas Sem razões e sem limites. Que futuro, que tormentas, Que encontros descontrolados! Que esperas para quem procura Horizontes cor de rosa?
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz – Portugal), Fevereiro de 2012
Ambicionava usufruir da liberdade dos cisnes que volteiam nos lagos do jardim, a liberdade dum plátano verdejante osculando as suas águas ternamente, a própria liberdade das crianças que aos cisnes oferecem o pão do seu amor, a liberdade da água que goteja nas gargantas das pombas sequiosas...
Ser livre como as almas sonhadoras liberto do fardo dos costumes, ser livre como as aves que me cercam felizes pela entrega deste milho que lhes dou em renúncia do meu ser...
Eu queria serrar os elos das correntes que me arrastam na prisão da minha era, aspirar profunda e livremente a liberdade daqueles que são livres!
Aníbal José de Matos (Figueira da Foz - Portugal) - 1982 (Escrito junto ao antigo lago do Jardim Municipal da Figueira da Foz)
Minh'alma quebrou-se ao congelar A fragilidade latente. Volatizou-se a visão Que acalentava meus dias, Caiu a terra nos restos Duma imagem permanente.
Findaram-se no insondável De teias invulneráveis Os passos firmes e lestos De quem tudo pressentia. Finou-se a peregrinação De quem implorava amor.
Resta a fé num próximo e pleno encontro, Sobra a confiança no eterno, O passo decisivo no desconhecido, A luta entre o sonho, o pesadelo e a verdade, P'ra que sejam mais firmes os meus passos Numa terra confusa e delirante.
Persiste o conflito entre o estar e o partir, Entre o renunciar e o prosseguir, Na perspetiva de que a felicidade, Por essa fé, Há-de voltar a acontecer.
. . . E s c a l e t a
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*Cristal oscuro*
1. - la reina
2.- su territorio
3.- su vasallo ascendido a consorte
4.- territorio conquistado
5.- huele a suite nupcial
5.-...
EGOÍSMO
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Em meio ao sangue vertido da face,
Lágrimas laminadas escorriam rasgando o caminho.
Mal conseguia sentir a dor...
Estava anestesiada pelo choque
Dos momentos...
Manto de neve
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Na brancura das árvores
Nasce a poesia
É a pureza luminosa
Quando se abre a janela
É pura a brancura
Das doces flores da primavera
Manto de neve
que d...
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GENEROSO CÁLIZ DE LOS VAGABUNDOS
La lluvia ilumina las colinas,
y el humo de la noche
conoce los tiempos del corazón
escondido bajo los árboles.
Helado...